Você sabe o que vem por aí no varejo e no consumo?
“Em qualquer cenário, em quaisquer mercados, já existe uma evidente complexidade em prever o comportamento futuro de setores como o do consumo e varejo. Quando se soma a turbulência global atual com a imprevisibilidade local, a proposta tangencia um exercício de quiromancia. Mas esse é o ponto de partida do ciclo permanente e constante que envolve o setor de varejo e seus fornecedores e que está em constante processo de evolução – agora cada vez mais rápido, com o uso de Inteligência Artificial. E sempre o comportamento é impactado pela combinação entre si das variáveis emprego e renda, que, juntas, geram massa salarial e mais inflação, crédito e confiança dos consumidores. Nessa perspectiva, é preciso analisar e prever o comportamento futuro dessas variáveis impactando de forma diversa cada categoria, segmento, canal, formato e modelo de negócio nas diferentes geografias. Pelo comparativo do desempenho real do primeiro quadrimestre deste ano e as previsões anteriores, fica claro que as bússolas econômicas precisam ser reajustadas, pois as estimativas anteriores têm sido frustradas.” Vamos analisar cada um dos fatores para buscar uma visão a mais realista possível. 1. Desemprego - Temos um índice histórico dos mais baixos dos últimos dez anos, com o patamar atual de 7,3%, e com ligeiro aumento do número de pessoas ocupadas comparativamente com o mesmo período do ano passado. O que seria motivo de comemoração. Só que não. 2. Renda e massa salarial - A massa salarial real do País no período de dez anos, comparando os dez últimos anos (primeiro trimestre de 2015 e primeiro trimestre de 2025), apresentou crescimento de 23,2 %, evoluindo de R$ 280 bilhões para R$ 345 bilhões. Um número expressivo e com tendência de continuidade de crescimento. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 4%. 3. Inflação - A inflação tem impacto direto no desempenho de consumo e, portanto, no comportamento do vareio. Nos últimos 12 meses com data-base em abril, a variação de 5,53%, muito acima da meta prevista, impacta de forma direta a população, em especial a de baixa renda. 4. Crédito, inadimplência e endividamento - Para um país com a configuração socioeconômica como a brasileira, o crédito, avaliado pela disponibilidade e taxa de juros, tem impacto decisivo no comportamento do consumo e do varejo. No período dos últimos dez anos, o valor total do crédito concedido pelas diversas modalidades de instituições financeiras em termos nominais mais que triplicou. O risco maior do aumento da oferta de crédito às pessoas físicas sempre será o crescimento da inadimplência, em especial no quadro de o País ter uma das maiores taxas de juros do mundo, como no momento atual, na tentativa de conter a inflação. 5. Confiança - O fator menos tangível em seu comportamento é a confiança do consumidor, pois ele é influenciado e influencia todos os demais indicadores.
O conjunto desses elementos mostra a perspectiva de um comportamento cauteloso no consumo e no varejo. O cenário como um todo inibe a propensão a consumir dos indivíduos e estimula a informalidade. E, no plano empresarial, reduz investimentos em novos negócios, infraestrutura e expansão, em particular pelo desestímulo representado pelas taxas de juros. Fonte: https://mercadoeconsumo.com.br